mais uma curta observação sobre términos na era moderna

Shoegayzer
2 min readMar 21, 2024

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terminar brigando é sempre um cenário terrível. Impossível conversar qualquer coisa com calma, qualquer pequena questão pode descambar pra hostilidade, decisões impensadas são tomadas e são grandes as chances de alguém acabar fazendo algo que machuque o outro muito além do necessário.

Mas pouco se fala do quando terminar na boa também tem a sua série de problemas e conflitos inerentes. Primeiro porque é da natureza do ser humano reclamar e pode ser realmente frustrante viver toda a experiência do término sem conseguir articular ao menos uma boa e contundente reclamação. Ela foi honesta? Não rende grandes histórias. Ela foi coerente? Zero pra você comentar. Ela agiu com grande lealdade e respeito durante todo o relacionamento? Bem, aí realmente fica bastante chato debater na mesa de bar.

Isso sem contar o fato de que, diante da mentalidade de alguns amigos e conhecidos de que todo término precisa sim ter um vilão, e se você é o amigo deles então a vilã precisa necessariamente ser a sua ex, você se vê diante de situações em que você está ali, com copo de cerveja em punho, precisando servir de advogado de defesa exatamente da pessoa que partiu seu coração, que danificou uma partezinha da sua alma, que, tal qual uma onda do mar com um castelo de areia do Tonho da Lua, pegou seus planos de vida intrincadamente pensados e projetados e acabou te fazendo perceber o quão frágeis eles eram. E ainda fez isso sem nem te permitir um “Ruthinha é boa, minha ex é má”. Muito sem graça.

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Written by Shoegayzer

Quando eu era mais novo um professor disse que eu escrevia bem. Até hoje estamos lidando com as consequências desse mal-entendido.

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